H-photos
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Museu de Arte Moderna da Bahia, Brazil
Catalogo

Textos por Heitor Reis, Dudu Santos, Fausto Chermont, João Câmara, Paulo Klein e NatHalie Petsiré. Poesias por Marcello Rollemberg.

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Texts
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O corpo que NatHalie Petsiré Barends fotografa exibe fluidez, transparência, e poesia. Existe também o corpo sera retoques e sem enfeites. Ela tem a capacidade de trilhar o caminho dos extremos, dos opostos. O corpo e a vida que se revela em cada imagem lúdica ou estranha, é um corpo sem mascaras; apresenta-se como é e não apenas como parece ser e as vezes como o que parece ser e não exatamente o que é.

Nesse jogo ela nos captura, espectadores. Usando uma mídia contemporânea, com transparências e projeções, rompe os limites bidimensionais da fotografia. É quando o espectador se projeta no espaço da obra e seu olhar se funde com o olho por tras da câmara - tornam-se cúmplices e parceiros na aceitação do mes-mo desafio - assimilar os opostos complementares da sua criação. Isso pode se dar tanto pela conciliação da força criativa de suas Hillu-fotos com a qualidade yin de suas instalações, quanto pela possibilidade de harmonizar o contraditório, quer seja uma delicada crueza ou uma acintosa doçura.

A esta, junta-se o desafio de ambientar suas instalações fotográficas adaptando-se não só em espaços expositivos tradicionais como também em espaces difíceis de serem trabalhados. Mas, com sua força criativa obtém resultados positives na construção de sua linguagem plástica.

Nathalie Petsiré é uma artista extremamente original.

Heitor Reis, Diretor do MAM-BA


 
Existe um código do artista que transporta o infinito de suas aspirações para o universo que o circunda. É uma vontade de amor que através de um gesto metafísico faz a ponte com o mundo. A obra de Petsiré caminha dentro deste clima.

Sua obra é acima de tudo sua verdade. Através delà confirma sua preocupação com a continuidade do planeta. Configura bem o que chamamos de "ato sem palavra", trabalho que transcreve sua própria vida num verdadeiro diário de bordo de sua existência. Fica evidenciada a busca da artista dentro desta temática de infinitas possibilidades.

O impalpável que está na raiz deste contexto apaixona e exerce um estranho fascínio, como se houvesse um imã entre a superfície da obra e a mente do fluidor para desembocar no território do prazer e da viagem à liberdade interior.

Dudu Santos


 
Na abordagem formal proposta por Nathalie Petsiré Barends, ela subverte vários dos cânones da fotografia atual, pois justamente a liberta das amarras museológicas de preservação e conservação. A possibilidade de manipulação das obras e a sua leitura por projeção e por transparência, liberta a fotografia da sua carga mais pesada que é a da perenidade do suporte que foi sempre questionada pela sua fragilidade.

O observador se coloca diante de uma imagem que poderia ser a sua própria, numa atitude de interação/integração que mais se aproxima das instalações tridimensionais e da wearable art.

Superada enfim a barreira física, deparamos com uma obra lúdica de vários apelos estéticos, onde nos encontramos junto ao outro, o artista-realizador, como participantes do seu processo criativo, numa fusão da obra e do autor, com o observador, agora também realizador, que nos remete a uma outra síntese da experiência artística, onde o autor, juntamente com sua obra, se funde ao observador.

Fausto Chermont


 
Antiga teoria sustentava que os objetos eram visíveis porque o olhar emitia radiações capazes de revelá-los.

Isto era, sem dúvida, mais inspirador que o reverso óptico atual em que passamos a míopes apenas seduzidos pela insistência das coisas, pelo clamor das cores, pela exorbitância das luzes.

Nathalie parece ter vindo daqueles bons tempos primevos. Ela dardeja um olhar inicial, íntimo, curioso e afetivo às coisas e seres que quer conformar em tempo real.

Ela os projeta, depois, em membranas de plasma, de luz e de sombras e ela até os assinala com os dedos dizendo:

Eu vos faço enquanto vos tomo do nada, do vácuo das luzes, para que habiteis o mundo.

Pois bem: esta parece ser a fatal tarefa dos deuses e das deusas. Não deve o artista, nestes tempos de tão pequenos sonhos, exigir de si menos que isto.

João Câmara


 
Acompanhando o trabalho de Petsiré há algum tempo, confesso que fiquei impressionado, logo de início, com a inquietação criativa e a alma boa que a conduziam como uma galé no oceano azul.

Conheci-a em 1995, quando procurou-me para analisar os trabalhos de uma exposição que realizaria no Palais Palffy de Viena, Áustria, um conjunto de pinturas que posteriormente foram vistas em São Paulo na imponente arquitetura do World Trade Center. A princípio, sua visão transfigurativa resultou em sintonia com uma fluência harmoniosa algo como visões paradisíacas, continentes em organicidade, luzes, céus, árvores, peixes envoltos em luminescência - pinturas que contribuem na aproximação com dimensões imprevistas. Algo parecido com as descrições de processos alucinógenos ou, seu paralelo, o êxtase místico.

Na exposição seguinte, no Clube Transatlântico de São Paulo, ela virou o jogo com suas releituras das Runas -jogo milenar de conhecimento dos povos escandinavos. Entre as obras deste conjunto, alguns quase-objetos, um deles com uma máquina fotográfica escondida que permitia uma interatividade com o espectador Foi a partir de uma permanência no Centro Internacional de Arte, em Banff, Canadá, que Petsiré passou a se dedicar mais metodicamente às mídias que estão em sua H-Instalação, uma exibição mutável que manipula elementos diversos a cada edição. A facilidade de lidar com transparências, scanners e plotters permitiu-lhe um reconstrucionismo que vai do primeiro click aos processos gráficos de ponta. Isto pode ser visto tanto no catálogo sofisticado como nas exibições.

Na instalação a presença da Fotografia é pontual, funciona como olho investigativo do próprio corpo numa possível busca de ascese ou de inferioridade consciente. No conjunto Hi-llu Photos, não só a ascese, mas a sexualidade é enfocada, numa fusão de entendimento com desnudamento do Eu e do Outro. Mistérios de espelhos que especularizam a realidade corporal, a arte de Petsiré revela um olhar atento para as transformações nas relações interpessoais e nas maneiras de se atingir o autoconhecimento. Pouco esotérica até, na verdade bastante conceituai, Nathalie Barends dignifica as novas artes com sua presença.

Paulo Klein - Critico de Arte e Poeta - APCA/ABCA/AICA



 
"Hillu-fotos"

O prefixo "Hillu" vem de "Hillunat", uma palavra que criei para representar um conceito que é a base da minha expressão artística. Representa a forma como interpreto o fluxo da vida em mutação, onde as polaridades giram em torno de um centro comum, interagindo, se unindo e harmonizando.

O significado deriva das palavras iluminar e natureza. O "H" representa palavras, em inglês, que considero essenciais para uma existência mais luminosa, como por exemplo, saúde (Health), felicidade (Happiness), harmonia (Harmony), coração (Heart), e esperança (Hope)...

As "Hillu-fotos" convidam o observador a participar do processo criativo, celebrando o deleite de se perceber conscientemente vivo.

Fotografo como se a câmara fosse um terceiro olho que segue o movimento natural do olhar. As imagens impressas em material transparente transcendem a bidimensionalidade, passando a interagir com o observador e o ambiente em que estão instaladas.

Nesta série, o foco principal é a natureza do ser e o seu lar, o corpo. Gosto de imaginar o ser "Humano" como sendo um raio de luz que se projetou na forma material com o propósito de iluminar a matéria, reencontrar a sua essência e evoluir.

NatHalie Petsiré